Fora da prisão

Liberta-me da prisão, e renderei graças ao teu nome. (Sl 142.7.)

 

Prisão é muito mais do que aquele cubículo onde se coloca o culpado de algum crime. Pode ser uma situação temporária de intenso sofrimento para o qual parece não haver alívio de espécie alguma. Pode ser uma enrascada na qual se cai e da qual parece impossível sair devido ao emaranhamento das circunstâncias. Pode ser algum período de angústia insuportável, sem abertura, sem janela, sem sol, sem claridade. Pode ser a “prisão de Deus”, nome dado pelos antigos à doença. Pode ser a escravidão ao álcool, às drogas, à pornografia. Pode ser as quatro paredes da imaginação, dentro das quais nós mesmos nos colocamos.

Frente a qualquer tipo de encarceramento, a prece é a providência mais fácil e mais promissora. Foi o que o salmista fez: “Liberta-me da prisão e renderei graças ao teu nome” (Sl 142.7). Pois prisão é prisão mesmo. Nela não há portas abertas nem alçapões escancarados. Somente Deus pode soltar as algemas, adormecer profundamente os guardas e abrir os portões de ferro (At 12.6-12).

Além de dar comida aos famintos e de levantar os abatidos, “o Senhor liberta os presos” (Sl 146.7). É Ele que tem quebrado as correntes, despedaçado as portas de bronze e rompido as trancas de ferro para soltar o seu povo no correr da história (Sl 107.14-16). O próprio salmista é um dos agraciados: “Senhor, livraste-me das minhas correntes” (Sl 116.16). Por mais reforçada que seja, a prisão prende apenas a pessoa, não a sua súplica!

Retirado de “Refeições Diárias com o Sabor dos Salmos” (Editora Ultimato, 2006).